quarta-feira, 11 de março de 2009

Capitulo X

Os lobos zumbis se aproximavam cada vez, numerosos, ferozes. Tinham um aspecto tenebroso, com seus pêlos em tons azuis escurecidos, seus olhos prateados e suas presas afiadas, prontas para dilacerar suas vítimas. Mehldrik sabia que não podia perder mais tempo, e nem dizer mais nada. Precisava agir logo, antes que os bandidos da Guilda também os alcançassem na entrada da mina. Olhou para o alto e viu, logo acima da entrada por onde haviam saído, a imponência da montanha de neve que se elevava até sumir por entre as nuvens daquele tempo fechado e nebuloso. O que estava prestes a fazer seria muito arriscado para eles, mas era uma alternativa que poderia tirá-los de duas situações de perigo iminente de uma vez só. Mehldrik virou-se para a entrada da mina.
- Prestem atenção. Quando eu der o aviso, corram o máximo que puderem em direção da cabana.
- O que você pretende fazer? – perguntou Hevelin.
- Tirar a gente daqui da maneira mais rápida possível. Fiquem atentos. – Mehldrik segurou no ombro de Skaild e olhou fixo nos olhos dele – Se não der certo o que estou querendo fazer, e você for o único a sobreviver aqui, volte o mais rápido que puder para o Condado Principal, entendeu?
- Claro, eu entendi. Não se preocupe. – respondeu Skaild.
Enquanto se preparava, Mehldrik começou a enxergar os bandidos movimentando-se pelo corredor da mina, vindo em sua direção. Então ele não perdeu mais tempo, mirou seu escudo astral para a montanha sobre a entrada da caverna e soltou em sequência projéteis de fogo e de pedra.
Imediatamente ouviu-se um estrondo, para em seguida a terra começar a estremecer.
- Corram! Corram! – gritou Mehldrik para Skaild e Hevelin.
O guardião arcano soltou mais dois projéteis de fogo e pedra. Então ele viu uma enorme avalanche de neve vindo em sua direção. Só depois de ter certeza de que havia obtido sucesso em criar a avalanche, Mehldrik começou a correr o mais rápido que podia em direção da cabana, onde Skaild e Hevelin haviam corrido também para se proteger. O barulho da avalanche assustou os lobos zumbis, que rapidamente fugiram do local. Os bandidos ainda estavam correndo pelo interior da caverna e quase alcançando a saída quando ouviram o estrondo e sentiram o tremor, porém não conseguiram sair da mina a tempo, pois a imensa camada de neve que vinha descendo pela montanha havia soterrado todo o local. A cabana, que ficava numa encosta à esquerda próxima à mina também foi atingida, sendo completamente arrastada por grossas camadas de neve montanha abaixo. Mehldrik, Hevelin e Skaild, que haviam entrado na cabana, percebendo o risco que corriam em permanecer ali, se atiraram pelas janelas e correram desfiladeiro abaixo, buscando a todo custo fugir da avalanche que descia arrastando tudo que encontrava pelo caminho. Naquela fuga desesperada, nem Mehldrik e nem Hevelin notaram que Skaild havia se afastado demais deles, correndo praticamente em outra direção, não demorando a desaparecer completamente por entre as árvores da encosta da montanha. O Guardião e a Duelista depararam-se com um desfiladeiro logo à frente a alguns metros adiante e consideraram a possibilidade de realmente não conseguirem pular para o outro lado, onde ficariam a salvo da avalanche. Pularam sobre uma rocha e abrigaram-se numa reentrância abaixo dela, numa minúscula caverna. A avalanche avançou sobre eles, soterrando tudo ao redor. Escuridão e silêncio os envolveram durante longos e angustiantes minutos.
Não muito distante dali, Vohldrik e Lehvinia, que algumas horas antes haviam atravessado o Portal e alcançado as terras geladas das Montanhas de Vahour, superavam com certa dificuldade toda aquela neve, além dos ventos gelados e da nevasca constante. Estavam caminhando pela encosta de uma montanha quando ouviram um estrondo próximo e sentiram um leve tremor. Ficaram apreensivos, sem saber o que poderia ter sido aquele som vindo de algum lugar não muito distante. Foram alguns segundos de certa tensão, até que Lehvinia olhou para sua direita e viu, numa outra montanha próxima, alguém correndo desesperadamente ao longe, descendo que nem um louco montanha abaixo. Alguns metros acima, uma imensa avalanche o perseguia, como que querendo alcançá-lo a tempo de engoli-lo.
- Vohldrik, olhe, lá embaixo! – gritou Lehvinia.
O jovem Guerreiro olhou exatamente para onde a Maga havia apontado, e conseguiu enxergar uma pessoa fugindo desesperada de uma avalanche, tentando, a qualquer custo, chegar ao pé da montanha, antes que toda aquela neve a enterrasse por completo.
- Acho que ele não vai conseguir se salvar. – disse Vohldrik, enquanto observava sem poder fazer nada naquele momento.
O tremor era cada vez mais intenso e o barulho quase ensurdecedor. A avalanche passou diante deles soterrando toda a encosta da montanha vizinha, e alcançando também a pessoa em fuga, que desapareceu sob toda aquela neve na encosta. Depois que todo o perigo havia passado, Vohldrik e Lehvinia desceram rápido até o ponto crítico daquele desastre. Lehvinia usou sua habilidade de teleporte e adiantou-se pelo caminho, chegando em poucos momentos ao local onde a pessoa havia sido soterrada. Vohldrik vinha logo atrás, deslizando agilmente em intervalos rápidos, e assim que alcançou o ponto onde Lehvinia estava, começou a ajudá-la na escavação de salvamento. Conseguiram retirar a pessoa do meio de toda aquela neve. Estava desacordado e com ferimentos no rosto e no braço.
- Vohldrik, me ajude a carregá-lo para aquelas árvores. Preciso ministrar nele uma cura regenerativa para que ele recupere suas forças mais rapidamente. – disse Lehvinia.
Carregaram o homem ferido amparando-o pelos ombros até um local seguro, fora da área de risco, para que não fossem pegos de surpresa por qualquer novo desmoronamento. Repousaram o homem ferido próximo de um pinheiro, e então Lehvinia concentrou-se, energizando seu poder de cura. Em intervalos regulares de dez segundos, ela conduzia sua mão levemente em um movimento semicircular sobre o corpo do enfermo, que era envolvido por pequenas auréolas azuladas cintilantes, que pulsavam suaves até desaparecerem. Repetiu esse processo cinco vezes, até que percebeu os sangramentos leves retraírem-se e os locais feridos regenerando-se lentamente. A pessoa, agora recuperada em suas energias, começava a acordar, abrindo os olhos lentamente.
- O que aconteceu? – perguntou ainda meio aturdido.
- Você foi soterrado por uma avalanche e nós o resgatamos. – disse Vohldrik, agachado ao lado dele.
- Mas não se preocupe. Ministrei uma cura regenerativa em você, apenas descanse um pouco, você ainda precisa recuperar suas forças vitais.
- Eu preciso ir para o Condado Principal...
- Quem é você? – perguntou Lehvinia.
- Eu me chamo Skaild... Fui resgatado por um guardião e uma duelista... Estávamos fugindo da Guilda dos Ladrões... O guardião provocou a avalanche para evitar que fôssemos capturados por eles...
Ao ouvir a respeito do guardião arcano, Vohldrik sentiu seu coração gelar. Apesar de conhecer muitos guardiões arcanos naquela extensa região congelada do continente, teve receio de que talvez pudesse ter sido seu irmão que estivesse tentando resgatar Skaild. Ficou um pouco apreensivo e receoso em perguntar a respeito do guardião, temendo uma resposta que não lhe agradasse.
- Skaild, você sabe o nome do guardião que resgatou você?
- Ele não chegou a me dizer... Ele disse o nome da duelista algumas vezes... Ela se chamava Hevelin...
- Vohldrik, você acha que o guardião pode ser seu irmão? – questionou Lehvinia depois de perceber uma expressão meio preocupada e pensativa no semblante do jovem Guerreiro.
- Não tenho certeza. Eu espero que realmente não seja ele.
Skaild, com certa dificuldade ainda e voz quase sussurrante, explicava tudo o que havia ocorrido momentos antes de ser tragado pelo desmoronamento. Através de frases soltas, ia contando sobre como foi capturado e mantido refém pela Guilda dos Ladrões por ordem de Kashu, e como foi resgatado de dentro da mina onde estava preso.
- Lehvinia, isso significa que estamos próximos de encontrar o local onde Kashu está escondido junto com a Guilda.
Skaild, sentindo sua força vital se restabelecer aos poucos, apoiou-se nos braços e recostou-se no tronco do pinheiro.
- Onde estão o guardião e a duelista que resgataram você? – indagou Lehvinia.
- Não sei dizer, mas acredito que foram soterrados mais acima na montanha. A gente estava descendo juntos, mas quando eu percebi, já tínhamos nos separado. Eu me perdi deles.
Lehvinia, que ainda permanecia ajoelhada próxima de Skaild, levantou-se e olhou decidida para Vohldrik.
- Precisamos subir a montanha e encontrar as pessoas que resgataram Skaild. Eles ainda devem estar vivos, e podem nos ajudar na busca por Kashu. Ele pode estar dentro daquela mina soterrada. Precisamos nos certificar disso para podermos voltar e informar ao Capitão Mark.
Vohldrik concordou, apesar de temer que aquele guardião soterrado naquela montanha pudesse ser seu irmão. Então os dois, percebendo que Skaild não tinha condições de acompanhá-los na subida da montanha, concordaram pelo seu retorno imediato para o Condado Principal de Tundra Infame. Skaild também estava decidido a voltar para a cidade o quanto antes, pois temia agora, mais ainda, pela sua vida, e não queria de maneira nenhuma cair novamente nas mãos dos ladrões. Lehvinia ministrou por mais um minuto nova cura regenerativa em Skaild, para que ele se recuperasse efetivamente e pudesse seguir jornada de volta ao Condado Principal. Antes de ir, Skaild explicou vagamente para os dois onde achava que havia se separado do guardião e da duelista. Em seguida, despediram-se. Vohldrik e Lehvinia prepararam-se para subir pela montanha em busca dos guerreiros desaparecidos.

2 comentários:

  1. Nussa Muito Massa sua história Veih.Quandu Vc publicar vou comprar o livro ^^.
    Gostei Muito...

    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Pows Mto Massa Ulisses,Curti bastante esse capitulo.
    Espero q vc publique logo q eu vou comprar.
    Abraços Quick23/Seisho :D

    ResponderExcluir