domingo, 8 de março de 2009

Capitulo IX

Mehldrik deu o sinal para Hevelin, e ambos começaram a correr para lados opostos, cada um com um objetivo diferente naquele momento. O Guardião Arcano concentrou-se enquanto corria, e escolheu seu primeiro alvo, um dos membros da Guilda que estava mais próximo dele. Então lançou seu escudo de maneira feroz e certeira, atingindo o ladrão em cheio, fazendo-o cair inerte e morto ao chão. Assim que o escudo voltou para suas mãos, Mehldrik parou e soltou projéteis de fogo contra dois ladrões que vinham de sua esquerda. Outros três aproximaram-se aproveitando o momento, e Mehldrik percebeu que não daria tempo para soltar projéteis nos oponentes que vinham em sua direção de espadas em punho. Então se virou rapidamente e soltou um golpe circular com a katana para derrubar todos ao mesmo tempo. Então aproveitou a oportunidade e soltou projéteis relâmpagos nos ladrões caídos, que não tiveram qualquer chance de reação. Melhdrik havia eliminado todos os membros da Guilda que estavam na entrada da mina. Já Hevelin entrou na cabana com determinação, pegando os ladrões ali de surpresa. Eram apenas quatro deles, e somente um teve tempo de empunhar sua daikatana contra a duelista. Ela usou o golpe da espiral fantasma para atingir os ladrões que estavam desarmados, e mal teve tempo para se proteger contra o ataque da daikatana do oponente armado. Agilmente usou seu próprio pé para arrastar o pé do ladrão, fazendo o mesmo desequilibrar para trás. Hevelin, então, aproveitou o momento e com movimentos rápidos largou o golpe do Corte da Lua Gêmea contra o infeliz, que já caiu sem vida no chão da cabana. Um pouco ofegante, Hevelin deu uma rápida olhada ao redor, como se procurasse por pistas, e percebendo que nada de importante havia naquela cabana a não ser o clima quente proporcionado pela lareira acesa, saiu dali rapidamente, indo ao encontro de Mehldrik na entrada da mina.
- Havia apenas quatro na cabana – explicou Hevelin. – Isso significa que teremos muito mais problemas lá dentro.
- A gente precisa ser rápido e fazer ataques direcionados e centralizados. Não sabemos realmente quantos ladrões existem dentro da mina. – disse Mehldrik, preocupado com a situação.
- Então é melhor não perder mais tempo e entrar.
Os dois correram na direção da entrada da mina, e iniciaram uma invasão sorrateira. O local era mal iluminado, quase escuro, e havia caixas e sacos empilhados em toda parte, em diversos pontos daquele corredor de pedra. Enquanto penetravam naquele antro perigoso, Hevelin concentrou ainda mais sua técnica da lâmina intensa, pois tinha certeza de que o combate ali dentro não seria realmente fácil. Mehldrik, dessa vez, acompanhou a atitude de Hevelin, e concentrou-se para enrijecer seu escudo, de forma a aumentar os danos causados pelo mesmo contra os inimigos. Continuaram a caminhar cada vez mais para dentro da mina, acompanhando a sinuosidade do percurso quase escuro, até que enxergaram luminosidade mais intensa em determinado ponto. Chegaram a uma caverna iluminada por lampiões cristalizados presos nas paredes de pedra. Ali no local, podiam ver uma pilha imensa de caixas de todos os tamanhos, e sacos empilhados em diversos cantos do lugar. Havia mais ladrões ali distraídos, conversando e rindo. Mehldrik, escondido atrás de algumas caixas, passou rapidamente os olhos e contou seis pessoas naquele lugar. Ele fez sinal para Hevelin manter-se em seu lugar, e então se levantou rapidamente, correndo em direção aos ladrões. Mehldrik queria se livrar o quanto antes daqueles oponentes, então preferiu apenas usar sua katana, dando novo golpe circular para derrubar todos que estavam à sua frente. Pensou rápido, olhou a imensa pilha de caixas ao seu lado, e assim como fizera nas montanhas quando encontrou o primeiro bando, se lançou em saltos laterais pelas caixas, de forma a dar impulso para o seu golpe da guilhotina. Rodopiou rapidamente pelo ar e deixou sua katana agir sobre os inimigos implacavelmente. Dessa vez, a força de seu golpe não apenas matou os inimigos, como acabou rachando parte do chão ao seu redor. Em questão de segundos, havia derrubado e eliminados todos ali. Hevelin, que apenas observava escondida, saiu em direção a Mehldrik.
- Henkoff realmente estava certo em suas suspeitas. Todas as mercadorias roubadas estão aqui. – disse Hevelin.
- Isso aqui parece somente uma pequena parte dos roubos. Deve haver muito mais lá para dentro da mina. Temos que encontrar Skaild logo, se é que ele está aqui mesmo.
- Se ele estiver, e os ladrões souberem de nossa invasão, presumo que tenhamos que ser rápidos em achar ele, caso contrário ele acabará sendo eliminado.
A partir daquele ponto da caverna havia bifurcações no caminho. Eram três novas entradas que seguiam caminhos diferentes para dentro da mina. Mehldrik e Hevelin sabiam que agora, se quisessem realmente agir rápido e tentar encontrar Skaild, teriam que se dividir. A decisão era perigosa para eles, mas era a única maneira de vasculharem toda aquela mina em um espaço de tempo menor e terem mais chances de encontrarem logo Skaild. Decidiram pelas entradas das extremidades, esperando realmente terem sorte em suas escolhas. Mehldrik caminhava ágil e sorrateiro, e sem perder tempo, havia descido muitos metros pelo corredor da mina, encontrando um vão iluminado por dois lampiões cristalizados. Ao fundo havia uma porta larga de madeira impedindo sua passagem. Soltou diversos projéteis de fogo contra a porta, até que a mesma se despedaçou completamente, revelando uma caverna maior do que a primeira, com mais caixas empilhadas por todos os lados, sendo a maioria coberta por lonas de couro. Como dessa vez não havia mais o fator surpresa, Mehldrik foi recepcionado por ladrões já esperando pela sua entrada, todos empunhando katanas, daikatanas e montantes, prontos para o atacarem. Mehldrik então teve uma idéia para reverter a situação em seu favor. Percebeu que o local era iluminado por 5 lampiões cristalizados, um em cada canto da caverna e o último ao centro, encravado no chão como uma espécie de abajur. Logo após entrar, olhou à sua esquerda e lançou seu escudo astral contra o lampião na parede. Pulou sobre algumas caixas à sua direita, esperou seu escudo retornar e lançou ele novamente, desta vez contra o lampião no canto direito da parede de pedra. Dessa forma, ele esperava escurecer cada vez mais o local e dificultar os ataques dos bandidos. Correu para os demais cantos da caverna, pulando sobre caixas e sacos, até acertar os outros dois lampiões cristalizados que estavam ainda acesos. O local ficou quase às escuras, e foi nesse momento que Mehldrik decidiu atacar os ladrões, lançando diversos projéteis congelantes e de relâmpago de seu escudo. Um a um, os ladrões foram sendo mortos, até que restou apenas um brutamontes mal encarado envergando uma montante. Ele tentou acertar Mehldrik, que se esquivou dando uma cambalhota para trás e partindo pra cima do gigante, atingindo-o com um choque arcano. A agilidade do golpe e a força da joelhada fatal lançou o enorme ladrão contra a parede de pedra da caverna, fazendo ele afundar completamente na rocha, abrindo um rombo. O ladrão caiu de joelhos para frente, e tombou seu corpo pesado juntamente com dezenas de pedras. Mehldrik olhou ao redor, e começou a ficar preocupado, pois ainda não tinha encontrado nenhum sinal de Skaild em todo o percurso da mina até ali. Olhou para o fundo da caverna e viu mais uma porta de madeira, idêntica a anterior.
- Isso está começando a ficar chato e cansativo. – disse, irritado. – Eu espero que Hevelin tenha mais sorte do que eu, e já tenha achado Skaild.
Enquanto o jovem Guardião Arcano abria caminho e derrubava todos os oponentes que encontrava, Hevelin descia por uma gruta mal iluminada e sinuosa. Assim como Melhdrik, também ela encontrou uma porta larga de madeira. Com alguns golpes de suas katanas, ela pôs abaixo a porta, entrando em mais uma caverna. Os ladrões que ali estavam partiram para cima dela. A duelista não perdeu tempo e saiu girando em esquivas, livrando-se dos golpes, ao mesmo tempo em que imprimia agilmente as lâminas de suas katanas contra os bandidos, soltando três seqüências cruzadas com luminosidades intensas e eliminando todos de seu caminho. Dessa vez, sua rapidez foi tamanha, que suas katanas começaram a criar fechos de luz em cada golpe que soltava. Hevelin respirou fundo e olhou um pouco aturdida para suas espadas. Sentiu como se a Força Arcana dentro de si começasse a se potencializar cada vez mais em poder e força. Olhou ao seu redor, e percebeu que ali havia somente caixas e mais caixas com mercadorias roubadas, e que aquela caverna era o ponto final, a última galeria daquele caminho que escolhera momentos antes na bifurcação que havia encontrado junto com Mehldrik. Skaild também não estava ali. Teria que voltar para a caverna onde haviam se separado.
Na outra parte da mina, Mehldrik já havia passado por cinco cavernas e eliminado quase 40 ladrões. Estava sentindo já certo cansaço por todos aqueles combates. Então enxergou mais uma porta à sua frente e esbravejou para sim mesmo:
- Maldição! Isso não acaba nunca?
Partiu com raiva extrema em direção à porta, soltando dessa vez fortes projéteis de pedra com o obstáculo à sua frente. Mehldrik sabia quando ficava realmente revoltado e irritado com uma situação de combate. Era exatamente quando ele começava a soltar poderosos projéteis de pedra, como estava fazendo naquele exato momento. Precisou apenas de duas rajadas de projéteis para colocar a porta abaixo. Estava se preparando para novo confronto, quando estranhamente entrou naquela caverna cheia de caixas, e não encontrou nenhum bando de ladrões. Examinou o local, e então viu no fundo da caverna, em meio a pilhas de caixas, uma pessoa agachada no chão. Estava com as mãos e pernas amarradas por cordas. “Só pode ser Skaild”, pensou Mehldrik consigo mesmo. Caminhou na direção onde a pessoa se encontrava e parou bem em sua frente.
- Skaild? – perguntou Mehldrik, esperando uma resposta afirmativa.
- Por que esse espanto? Vocês me mantêm preso aqui nesse lugar e agora esquecem quem está preso?
- Você é Skaild? – insistiu Mehldrik.
- Espere um momento... Olhando agora com mais atenção, você não parece ser uns dos ladrões do grupo de Kashu. Você veio me resgatar?
- Sim, eu vim a pedido do meu amigo Simon, do Condado principal da Tundra Infame. Vim resgatar você para levá-lo de volta ao condado em segurança.
- Então você é a pessoa que Simon enviou para me salvar? – perguntou Skaild, abrindo um sorriso no rosto.
- Isso mesmo. – respondeu Mehldrik, enquanto desamarrava Skaild. – Agora que encontrei você, precisamos sair daqui o mais rápido possível.
- Finalmente! Simon conseguiu encontrar alguém disposto a me salvar! – Skaild mostrava-se agora mais sorridente e eufórico. Seu rosto, que antes mostrava uma expressão ensimesmada e preocupada, mudou completamente, deixando transparecer uma fisionomia mais alegre. – Eu tinha certeza de que ele encontraria uma pessoa capaz de me resgatar!
- Não temos tempo para conversar agora. Você tem que sair daqui em segurança. – Disse Mehldrik, enquanto voltava e observava o caminho de onde viera, para ter certeza de que não havia mais nenhum bandido da Guilda. Estava meio tenso, pois sabia que agora teria que encontrar Hevelin e sair daquela mina antes que mais bandidos aparecessem pelo caminho e tornassem a fuga deles mais difícil ainda. Orientou Skaild para que o seguisse de perto, mantendo-se atrás dele sempre. Fazia agora todo o caminho inverso, passando pelos corredores e cavernas onde havia travado vários combates com os ladrões.
- Não tenho como lhe recompensar pelo que você está fazendo comigo agora, mas não se preocupe! Eu irei lhe recompensar adequadamente com certeza! – dizia Skaild, que não parava de sorrir.
- O que importa para mim agora é levar você de volta ao Condado em segurança, pois eu sei que você tem informações muito importantes a respeito dos desaparecimentos que vêm ocorrendo há tempos por toda Nevareth.
- Sim, de fato, eu tenho informações importantes sobre os desaparecimentos, e isso deve ter sido um motivo a mais para que Kashu e seu bando quisessem me eliminar de alguma forma. - explicou Skaild, enquanto corriam pelas galerias da mina. – Eles iriam me vender para o Exército Mercenário, pois somente assim eu quitaria minha dívida com eles e nunca mais seria encontrado por ninguém.
Mehldrik subitamente parou, o que fez com que Skaild que vinha logo atrás se esbarrasse nele. O Guardião Arcano sentiu que o momento poderia ser único e que ele poderia obter respostas rápidas a respeito dos desaparecimentos com Skaild ali, naquele momento. Virou-se para Skaild e o encarou com uma fisionomia tensa.
- Skaild, eu sei que você sabe de muita coisa que pode elucidar de vez todo esse mistério sobre os desaparecimentos, por isso eu quero deixar claro a você desde já que estou salvando você tão somente para que você possa esclarecer a todos de Nevareth sobre isso. – Mehldrik fez uma pausa, como que pensando em suas próximas palavras – Também eu preciso de respostas sobre esse mistério, e eu sei que somente você poderá me esclarecer muita coisa.
Skaild sentiu um certo calafrio percorrendo sua espinha, e mesmo sorriso meio sem graça, sentiu-se intimidado tanto pelo olhar de Mehldrik quanto pelo que ele acabava de dizer.
- Não se preocupe. Tudo o que sei eu irei revelar a todos. Sei o quanto isso é importante para todos. – Skaild continuava sorrindo, apesar de estar agora um pouco nervoso. – Agora precisamos sair daqui, como você mesmo disse, não é mesmo?
Mehldrik permaneceu impassível por alguns segundos, até que caiu em si e percebeu que Skaild tinha razão no que havia dito. Tinham que deixar qualquer explicação para depois, e precisavam se concentrar em sair daquela mina antes que mais bandidos da Guilda dos Ladrões aparecessem por ali e atrapalhassem sua fuga.
- Mantenha-se atrás de mim, como eu disse. – falou o Guardião secamente.
Continuaram a correr pelos corredores, e Mehldrik reconheceu a caverna à sua frente onde tinha se separado de Hevelin. Ao entrar naquela galeria, conseguiu encontrar a duelista a tempo de impedir ela de tomar o caminho do meio na bifurcação.
- Hevelin, encontrei Skaild. Agora precisamos correr e sair logo daqui.
- Espere! – disse Hevelin, repentinamente – Você está ouvindo isso?
Os três ficaram em silêncio por alguns momentos, e começaram a ouvir murmúrios distantes e confusos vindos justamente do caminho do meio na bifurcação, o único que eles não haviam entrado. Aqueles sons pareciam se aproximar cada vez mais, e então aqueles murmúrios se transformaram em gritos de ordem ecoando naquele corredor. Tudo levava a crer que mais ladrões estavam no interior daquela mina, e estavam se aproximando para saber o que estava havendo por ali.
- Mais ladrões! – disse Mehldrik com uma voz tensa. – Precisamos sair daqui agora!
- Vamos, o caminho por onde viemos é por ali. – disse Hevelin, apontando para a saída oposta da caverna.
- Skaild, continue atrás de mim, e não olhe para trás. Hevelin, cubra a nossa retaguarda.
Saíram em disparada pelos corredores e cavernas, e enquanto corriam, podiam ouvir os gritos dos ladrões cada vez mais perto, esbravejando sem parar. “Invadiram o esconderijo! Procurem os invasores! Eles não devem estar longe!”, exclamavam os bandidos pelas galerias da mina. Mehldrik e Hevelin sabiam perfeitamente que entrar com combate naquele momento colocaria em risco a vida de Skaild, então a fuga desesperada era a única saída daquela situação. Ambos haviam cumprido exatamente com as missões que lhe foram confiadas, e por isso mesmo, nada mais tinham a fazer ali agora. De uma só vez, acharam o esconderijo onde estavam as mercadorias roubadas pela Guilda e encontraram Skaild, mantido como refém. Agora, para completarem de vez suas missões, precisavam retornar imediatamente para o Condado principal de Tundra Infame. Minutos intermináveis separavam Mehldrik, Helevin e Skaild da saída da mina. Enfim, avistaram a saída do túnel, e continuaram correndo ao encontro da claridade que se tornava mais intensa adiante.
Quando finalmente saíram da mina, sentiram alívio e sabiam que a partir dali, a fuga seria mais fácil e rápida. Entretanto, o sentimento de alívio e liberdade não iria durar muito. Abruptamente, os três pararam bem diante da entrada da caverna. A nevasca não parava de cair, mas agora não estava tão intensa, o que facilitava enxergar o novo perigo que surgiu diante deles. Entre os corpos dos ladrões que permaneciam caídos por ali, rondavam uma matilha de lobos zumbis, rosnando ferozes e andando em círculos de maneira perigosa. Logo perceberam a presença de Melhdrik, Hevelin e Skaild, voltando-se contra eles de maneira sorrateiramente agressiva. Permaneceram imóveis, em posição de combate, exceto Skaild, que se esquivava atrás de Mehldrik, tentando se proteger. Atrás deles, os ladrões se aproximavam rapidamente, quase alcançando a saída da mina.
- E agora? – perguntou Hevelin, um pouco nervosa, enquanto empunhava suas katanas.
- São muitos lobos. Vamos perder tempo combatendo toda essa matilha. – disse Mehldrik, olhando ao redor, enquanto pensava numa forma de saírem daquela situação.
- Não temos mais tempo! – exclamou Skaild enquanto olhava para a entrada da caverna com um olhar assustado. – Os ladrões estão se aproximando!
Mehldrik olhou também para trás, encarando a entrada da mina. Foi quando ele teve uma idéia de como se livrar dos bandidos e dos lobos zumbis ao mesmo tempo.
- Já sei como iremos sair daqui.

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