quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Capitulo II

Mehldrik passara a noite sob um vão entre as rochas, ao pé de uma colina. Havia acendido uma fogueira para se aquecer e assar parte da carne de pantrocorne zumbi que havia conseguido no dia anterior. Com o dia raiando novamente, ele acordou em meio a mais uma nevasca que cobria o céu e a terra de maneira quase uniforme. Não se sabia realmente onde terminavam as montanhas e onde o céu se iniciava. Como sempre, sua noite foi preenchida por sonhos perturbadores num sono constantemente agitado. Fazia tempo não sabia o que era dormir tranquilamente, sem pesadelos ou sobressaltos. Observou por certo tempo as cinzas da fogueira que ainda crepitava perto dele, e então começou as arrumar suas coisas. Olhou toda a paisagem ao redor, buscando uma orientação sobre a direção a seguir, e quando estava certo de seu rumo, desceu a colina acompanhando a base da montanha. Dessa vez iria evitar, de qualquer forma, as matilhas de pantrocornes zumbis e de lobos zumbis que viviam por aquelas áreas. Não podia mais perder tempo, se quisesse realmente resgatar Skaild antes que ele fosse descoberto e acabasse nas mãos do Exército Mercenário. Não queria decepcionar Simon, já que ele era um prestimoso amigo que tanto lhe ajudou com armaduras e outras vestimentas para suas jornadas, e agora era chegado o momento de retribuir tantos favores. E quando Simon pediu a ele para resgatar o amigo, Mehldrik não pensou duas vezes e aceitou a missão, apesar de estar ciente dos grandes riscos que correria em sua jornada. E, de acordo com o que Simon havia lhe contado, muito provavelmente Skaild tinha informações que poderiam ser importantes para elucidar parte do mistério do desaparecimento de pessoas que vinham ocorrendo pelos continentes de Nevareth. E para Mehldrik, isso significava descobrir o que poderia ter ocorrido com seus pais desaparecidos. Por isso, precisava agir rápido e resgatar Skaild antes que a Guilda dos Ladrões o encontrasse. Prosseguiu sua caminhada durante o decorrer do dia, e em determinado momento, sentiu um ímpeto de apressar seus passos, apesar de considerar tal atitude quase impossível de ser realizada, pela quantidade de neve ao seu redor, alcançando quase a altura de sua cintura. O frio parecia aumentar mais ainda, e então ajeitou a capa sobre sua armadura de ferro e cobriu seu rosto com o capuz. Seus dedos começaram a formigar, e pareciam querer ficar dormentes. Decidiu diminuir a caminhada e mudou sua trajetória, iniciando uma subida pela encosta de uma montanha. Segurava-se em troncos e galhos dos pinheiros, enquanto seus pés tentavam vencer os centímetros de neve que quase escondiam suas pernas. Tinha alcançado já uma altura considerável naquela peregrinação colina acima quando ouviu sons guturais vindo de algum lugar ali próximo. Eram sons que se assemelhavam a urros enraivecidos, e logo percebeu que se tratava de um grupo de gorilas brancos. Mehldrik sabia que encontrar outra comunidade de animais ferozes acabaria atrasando ainda mais sua missão, porém ele parou atento e continuou ouvindo, apesar daqueles ventos gelados das montanhas não ajudarem muito. Estava ouvindo algo mais do que apenas os urros daqueles animais enfurecidos. Ficou surpreso quando seus ouvidos perceberam sons metálicos, parecia com duas espadas em choques de batalhas. Sabia que poderia mais tarde se arrepender daquela sua atitude, mas precisava descobrir o que estava acontecendo ali perto. Imaginou logo que poderia se tratar de membros da Guilda dos Ladrões, que pudessem estar o seguindo com o objetivo de descobrir onde Skaild poderia estar escondido. Aproximou-se do local dos urros guturais, e a principio conseguia apenas enxergar um vulto em meio àquela nevasca. Um vulto que parecia estar lutando com um bando de gorilas brancos. Melhdrik sentia dificuldade em conseguir enxergar, chegou até a sentir certa agonia em só ver tanta neve caindo daquele céu branco. À medida que se aproximava, a cena ia se descortinando à sua frente. Alguém estava realmente lutando com aqueles gorilas enormes próximo de um penhasco, e para sua surpresa, esse alguém lutava empunhando duas espadas, e pareciam ser duas katanas em suas mãos. A pessoa se movimentava de maneira veloz, rápida, tão rápida quando aqueles ventos cortantes das montanhas, e aquelas espadas em suas mãos pareciam dançar em movimentos destrutivos. Tudo parecia um balé levemente sincronizado, e os gorilas tentavam se aproximar dele, mas sem conseguir. Até que dois deles atacaram ao mesmo tempo, e aquele duelista não conseguiu ser ágil o suficiente, tropeçando para trás em direção ao abismo às suas costas. Mehldrik sabia que tinha que agir rápido, e logo estava empunhando novamente seu orbe e invocando seu escudo astral, puxando sua katana e partindo para cima dos gorilas. Antes mesmo de chegar neles, arremessou seu escudo astral, atingindo em cheio um dos gigantes brancos, fazendo cair pelo precipício. Esperou seu escudo voltar para suas mãos, para em seguida soltar uma lança relampejante, ferindo outro gorila próximo. Aquela nevasca atrapalhava constantemente a visão, e aqueles malditos animais enfurecidos ainda tinham a vantagem de terem um pêlo que se confundia com a paisagem. “Maldita neve que não pára de cair!”, bradou Mehldrik, enquanto via outro gigante peludo partir em sua direção. Sabia pouco ainda sobre as técnicas da Força Arcana, mas sabia se virar muito bem com o que havia aprendido até ali. Soltou um golpe para desequilibrar seu oponente, enquanto preparou-se para atingir ele com um golpe selvagem, o que fez com que o gorila caísse já morto ao chão. Mehldrik ainda usou esse mesmo golpe para derrubar os outros dois gorilas, que também não suportaram o poder fatal de sua espada.
Após derrubar todos os gorilas e perceber que a área estava limpa e livre de perigos, Mehldrik rapidamente correu para a beira do penhasco. E para sua surpresa, aquele duelista estava ainda pendurado, segurando-se em pedras e raízes de árvores. O vento forte que soprava dificultava o resgate, mas Mehldrik não se intimidou com a gravidade da situação, e agachou-se, estendendo a mão para a pessoa que estava prestes a cair. A dificuldade maior estava em conseguir alcançá-la, e então pediu para o duelista guardar suas espadas, para que juntos pudessem reunir forças para saírem daquela situação perigosa. O pedido foi prontamente atendido, e logo em seguida ambos estavam a salvo. A nevasca havia diminuído um pouco e os dois sentaram próximos a um pinheiro, procurando recuperar o fôlego depois daquele momento de pânico. Mehldrik tirou o capuz que protegia sua cabeça e olhou para o lado meio surpreso, ao ver que o duelista, ainda sem tirar seu capuz, dava murros seguidos contra a neve fofa, como se estivesse chateado ou revoltado com o que havia acontecido. Esperou que se acalmasse, e então buscou dialogar.
- Você está bem? Está sentindo alguma coisa? Está machucado? – perguntou Mehldrik.
A pessoa permaneceu ainda meio nervosa, mas já não dava murros contra o chão. Mas a impressão que passava era a de que parecia estar bastante contrariado por tudo aquilo que aconteceu. E a surpresa maior para Mehldrik ocorreu quando finalmente aquele duelista tirou o capuz e finalmente mostrou seu rosto. Ficou meio atônito quando percebeu que não se tratava de um duelista. Não era ele, mas sim, era ela. Uma duelista.

2 comentários:

  1. O q eu achei estranho foi q ele tendo orbe de topazio espada de titanio use armadura de ferro e skills lows

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